Borrageiros, Serra do Gerês, ou quando o céu se transforma num poema.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Borrageiros, Serra do Gerês, ou quando o céu se transforma num poema.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Março vai terminar com dias de Primavera, mas Abril parece prometer fazer jus ao ditado "Abril, águas mil." Veremos.
Escondido do olhar, mas à vista de todos, está o abrigo pastoril de Aradoiro, nas encostas na Serra Amarela.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Pena Longa, Serra do Gerês, envolta pela Mata de Albergaria.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
O Vale do Alto Homem, Serra do Gerês, visto a caminho do Alto da Louriça, Serra Amarela.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Território de importância histórica constatada pela sua posição excêntrica e raiana, pelas suas tradições comunitárias arcaicas e pelas suas antiguidades arqueológicas, a freguesia do Campo do Gerês perde-se nas brumas do tempo, sendo antiga paróquia medieval, padroado real e, talvez pelo seu orago protector S. João Baptista, foi considerada por clássicos como comenda dos Cavaleiros do Templo. Nos tempos medievos, integrou-se S. João de Campo na circunscrição administrativa da “Terra de Bouro”, que segundo as Inquirições de 1220 aglutinava cerca de 70 freguesias.
Situada na margem esquerda do rio Homem, em plena Serra do Gerês e no extremo NE do concelho de Terras de Bouro, confronta com a não menos antiga paróquia de Covide, com o concelho de Ponte da Barca e com a vizinha Galiza.
Templário ou não, é povoado antigo com certeza porquanto são inúmeros os achados que testemunham uma arcaica, persistente e contínua ocupação humana do seu território, desde tempos pré-históricos até hoje, como evidenciam os túmulos megalíticos, também conhecidos por mamoas da Bouça da Chã, de Fundevila e da Bouça do Cruzeiro, ou como testemunha o Castro de Calcedónia. Instalado na vertente sudoeste do relevo da Picota, a uma altitude média de 630 metros, o lugar do Assento, principal núcleo populacional da freguesia de Campo, apesar dos excelentes exemplares de arquitectura rural de montanha que ainda exibe, encontra-se já bastante alterado na sua malha original.
Segundo do Arquivo Distrital de Braga, a "paróquia de São João Batista de Campo do Gerês era, em 1758, abadia do padroado real. Nesta data, existiam na paróquia duas confrarias: Nome de Deus e Santo António. Quando o concelho de Terras de Bouro foi extinto, em 1895, foi integrada no concelho de Amares. Em 1898, volta a integrá-lo. Pertenceu à comarca de Braga, depois a Pico de Regalados, de seguida a Amares e, atualmente, a Vila Verde. Esta freguesia compreende grande parte da Serra do Gerês."
Um dos principais monumentos da aldeia é a sua igreja, denominada "Igreja Paroquial de Campo do Gerês" ou "Igreja de São João". Segundo o sítio Monumentos do Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, devido ao facto de se encontrar em local ermo, em 1692 deu-se a transladação da igreja para a aldeia de Campo, reedificando com a pedra a antiga Capela de Santo António, dado que a igreja estava primitivamente no lugar da Veiga (Veiga de S. João). Em 1718 dá-se a reedificação da igreja e em 1736, Contador de Argote refere a igreja como "estando primitivamente no lugar da Veiga de São João, além do rio, em distância de 50 passos, estando a 500 passos da aldeia de Campo."
O sítio do Município de Terras de Bouro refere que a "igreja matriz de Campo do Gerês, que teria sido edificada com materiais remanescentes do templo anterior, apresenta sobre a sóbria fachada, ao centro, um pequeno campanário e nas empenas tem as cruzes floreteadas da via sacra. Dentro, além do altar-mor, tem os colaterais de Nossa Senhora do Rosário, do Coração de Jesus, de Jesus Crucificado e o de Nossa Senhora de Lurdes."
No exterior da igreja ressaltam alguns pormenores interessantes. Logo, a torre sineira com a data de 1921. De notar que esta torre sineira foi transladada em finais dos anos 60 de Vilarinho da Furna após o desmantelamento da sua igreja antes da chegada das águas. Assim, a data de 1921 indica certamente a data da sua construção original em Vilarinho da Furna.
O seu relógio de sol é outro elemento de interesse existente no exterior da igreja, sendo um 'relógio de Sol vertical Sul'. Que eu tenha conhecimento, é o único relógio de Sol existente na aldeia de Campo do Gerês.
Na parede exterior da igreja existem treze cruzes, neste caso 'cruzes trevoladas' (cruz em trevo) esculpidas em baixo-relevo no granito. As cruzes trevoladas têm em cada ponta uma finalização em forma de trevo que lembra a Santíssima Trindade, tendo sido símbolo dos Cavaleiros de São João (que tinham como Santo Padroeiro São João Batista, orago protector da paróquia) - mais propriamente "Cavaleiros da Ordem do Hospital de São João de Jerusalém". De notar que, a sua forma de quatro pontas de flecha apontando para o centro faz dela uma cruz de meditação.
Nas cruzes presentes da Igreja de S. João do Campo, somente três das quatro pontas possuem a forma de trevo, com a quarta ponta (base da cruz) tendo um formato quadrangular.
Li textos onde estas cruzes estarão relacionadas com as estações da Via Sacra, porém, enquanto a Via Sacra é composta por catorze estações, existem apenas treze cruzes. Ora, especulando um pouco, poder-se-ia referir que a 14.ª cruz poderia ser a cruz do altar da igreja, mas o mais provável é que a 14.ª tenha sido coberta com a instalação da escada granítica de acesso à «recente» torre sineira ali adicionada nos anos 70 do século XX. Por outro lado, foi-me referido que a presença destas cruzes estará relacionada com rituais cristãos de purificação das almas.
Não havendo memória de tal, as cruzes poderiam estar pintadas e na base de cada uma delas ter, em numeração romana, o número da estação da Via Sacra.
A tabela seguinte mostra as dimensões (altura X envergadura, das cruzes existentes no exterior da igreja).
Ficam a seguir as fotografias das 13 cruzes visíveis...
Este texto está sujeito a correcções pertinentes...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Bibliografia:
- Campo do Gerês, https://www.cm-terrasdebouro.pt/municipio/freguesias/campo-do-geres
- Arquivo Distrital de Braga (Paroquia de Campo do Gerês), https://pesquisa.adb.uminho.pt/details?id=1002634
- "Os Cavaleiros da Ordem de Malta", https://www.tudosobremalta.com/cavaleiros-ordem-malta
- "Cavaleiros Hospitalários", https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-17072/cavaleiros-hospitalarios/
Os postos de turismo do concelho, Moimenta, Rio Caldo e Gerês, para além do Núcleo Museológico do Campo do Gerês, passam, a partir de agora, a poder certificar também os Pedestrianistas da Grande Rota do PNPG, podendo também certificar os peregrinos de Santiago de Compostela.
Esta inovação surge na sequência da anterior existência de dois carimbos, um no Posto de Turismo de Moimenta e outro no Núcleo Museológico do Campo do Gerês, que confirmavam já as credenciais dos caminheiros ao longo do Caminho da Geira e dos Arrieiros. Devido à existência de solicitações noutros locais, foram assim criados mais dois carimbos, um para o Posto Turismo de Rio Caldo e outro para o Posto de Turismo do Gerês. Foram também criados carimbos, um para o Núcleo Museológico e outro para o Posto de Turismo do Gerês a fim de carimbar o Passaporte nas etapas da GR50 – Grande Rota Peneda-Gerês, dentro do território de Terras de Bouro.
Os peregrinos que efectuem o Caminho Jacobeu da Geira e dos Arrieiros, entre Braga e Santiago de Compostela, têm a possibilidade de carimbar os seus passaportes com as respetivas credenciais. Este percurso, que percorre uma distância total de 240 km, é constituído por quatro áreas diferentes. O trajeto entre Braga e Lóbios, cerca de 68 km, permite percorrer a Geira que atravessa o concelho de Terras de Bouro.
Significando um importante atracão turística, já que percorre o Parque Nacional da Peneda-Gerês, entrando em Espanha pela fronteira da Portela do Homem, a viagem proporciona um natural relacionamento entre os residentes e os viajantes, originado um aconchego físico e espiritual essencial para quem passa, isto para além da comunhão perfeita com a Natureza, criando assim um cenário idílico.
Fotografia © Município de Terras de Bouro (Todos os direitos reservados)
As peculiaridades do caos granítico na Costa de Sabrosa, Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
No tempo em que o Parque Nacional da Peneda-Gerês produzia literatura de interesse, "A Águia-real na Peneda-Gerês" é um pequeno livro que nos fala da presença deste rei dos céus no nosso único parque nacional.
Da autoria de Miguel Pimenta e com desenhos de Ana Pinto, este pequeno livro foi editado em 1984 e é uma maravilhosa adição à minha biblioteca.
Vigilante sobre toda a paisagem serrana, o colosso de Borrageiros traz-nos a monumentalidade da montanha à Serra do Gerês.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
O Sol começará a dar a um ar da sua graça a partir do dia 23 de Março. Após o dia 25, esperam-se céus pouco nublados ou limpos, com a temperatura máxima a subir.
A edição de 2025 dos Seminários caminhados terá lugar a 24 e 25 de Maio, tendo como tema "De Quem é a Natureza? Bem Comum, Cidadania e Futuro".
Mais informações e inscrições aqui!
Vista na subida para o Redondelo, Serra do Gerês, a albufeira da Barragem de Vilarinho das Furnas banha o lado Sul da Serra Amarela.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)