domingo, 19 de maio de 2013

Trilhos Seculares - Por velhos caminhos de Vilarinho

O curral dos Prados Caveiros era utilizado pela vezeira de Vilarinho da Furna, fazendo parte de uma rede de currais percorridos entre Maio e Setembro na Serra do Gerês e na Serra Amarela. Localizado numa zona excepcional à sombra do Cantarelo e limitado pela Lomba do Burro, pelo Vale do Homem e pelas encostas de Sabrosa e Monção, a caminhada que nos leva lá proporciona paisagens de cortar a respiração ao visitante mais desprevenido.

Usualmente, o acesso ao curral faz-se pela penosa subida pela Costa de Sabrosa que põe à prova as pernas mais preparadas e o coração mais destemido tendo pelo esforço como pelas sensações que provoca. Porém, quando a vezeira utilizada aquele curral, o acesso era feito por um outro caminho através da encosta de Monção. Perdido ao longo dos anos, este caminho é um outro exemplo do engenho do homem em todas as serranias do parque nacional. Se a Geira Romana é um elemento ímpar de conservação devido ao seu legado histórico da presença das legiões de Roma no território, a forma como o homem serrano aproveitou os declives e construiu os seus acessos à montanha, deveria ser outro elemento a preservar. Porém, e infelizmente, isso não acontece em muitas zonas.

Um belo exemplo dos trabalhos das gentes de Vilarinho da Furna ao construir os seus caminhos, está um pouco acima da própria aldeia mártir na Serra Amarela. Um outro exemplo está na Encosta de Monção. Este caminho ficou acessível após o grande incêndio de 2009. No entanto, com a magnífica recuperação daquela encosta que resistiu aos efeitos da erosão, o caminho está já de novo a desaparecer por entre a vegetação e o seu recorrido já não é aconselhável, pois os elementos de orientação vão desaparecendo em muitos locais.


Nos Prados Caveiros, o vislumble de uma pequena vaca que por lá anda já desde o Verão passado. Tendo resistido ao impiedoso Inverno, o pequeno animal encontrou o seu refúgio naquelas paragens longe dos seus pares e por lá anda, livre, até um dia que o homem a tentar de lá remover com a ajuda de outros animais. Por aquelas bandas, estava também um portentoso boi que pastava de forma pachorrenta.

Dos Prados Caveiros segue-se pelos Prados da Messe subindo à Lomda do Burro e desce-se um pouco apressadamente para fugir à borrasca que se aproximava. Esta acabou por chegar em forma de um pequeno nevão que não pintou o local de branco, mas tendo proporcionado algo que há muito desejava ver, isto é, a queda de neve nos Prados da Messe. A neve de facto voltou à Serra do Gerês a cerca de um mês do Verão e os seus picos mais elevados (Borrageiro, Torrinheira, Cidadelhe, Carris, Nevosa), encontram-se efemeramente pintados de branco.

Dos Prados da Messe segue-se o usual trajecto passando pelo Curral do Conho, Lomba de Pau, Lamas de Borrageiro, Chã da Fonte, Preza, Vidoal e Portela de Leonte.

Algumas imagens do dia...
Um resto da calçada do antigo caminho.
 Lá em baixo, a Portela do Homem.

 Pé de Maceiro, ao centro.
 Encosta de Varziela e Pé de Cabril.
 Chegada aos Prados Caveiros.
 O antigo forno (abrigo) dos Prados Caveiros.
As Albas e e Pé de Medela.
Pequeno curso de água na encosta do Cantarelo.

Subida para a Lomba do Burro e os Prados Caveiros ao fundo.
 Descida para os Prados da Messe.
Abrigo dos Prados da Messe.
Ribeiro do Porto das Vacas.

 O Conho.
 Curral do Conho.

Fechinhas e Porta Ruivas.
Grande mariola após a passagem do Curral da Lomba de Pau.
Descida para a Chã da Fonte. Em frente, o Pá de Salgueiro.
Cabeço de Lavadouros.
Vidoal (por muitos chamado de Mourô).
Grande mariola e Lavadouros.
Abrigo do Vidoal.
Mata de Albergaria, Corneda (à direita) e Curral de Cubatas (ponto branco no canto inferior esquerdo).
Vale de Maveira, Carris de Maceira e Pé de Medela (à esquerda).
Outeiro Moço.
Pé de Cabril em contra-luz.

Fotografias: © Rui C. Barbosa

Sem comentários: