sexta-feira, 8 de abril de 2016

O complexo mineiro dos Carris (VII)


Este é o último artigo sobre o complexo mineiro dos Carris. Os artigos anteriores podem ser encontrados aqui: IIIIII, IVV e VI.

A quarta área do complexo mineiro dos Carris é a sua grande lagoa ou represa, que servia de depósito de armazenamento de água, e uma série de explorações a céu aberto. Junto da lagoa existe uma casa da qual só restam as quatro paredes em pedra e que serviria para controlar a passagem de água para o edifício de lavagem de minério (são visíveis algumas colunas em pedra e cimento sobre as quais deveria assentar uma conduta possivelmente metálica que levava a água para o edifício). Curiosamente, esta lagoa não surge assinalada na Folha 31 da Carta Militar de Portugal publicada pelos Serviços Geológicos do Exército e baseada em trabalhos de campo levados a cabo em 1949, mas surge numa edição mais recente da mesma Folha baseada em trabalhos de campo desenvolvidos em 1996. Nos trabalhos de campo realizados em 1949 registou-se somente a presença de um tanque, pois a represa só seria construída nos anos 50 e de facto no paredão da represa está inscrita a data de 1956 que pode indicar o final dos trabalhos de construção.

As explorações a céu aberto junto da represa são compostas por uma trincheira (ou sanja) de pesquisa que foi trabalhada durante algum tempo por "apanhistas". Dispunha de um "sarilho" manual de madeira para elevação do material desmontado.


A represa dos Carris e o edifício contíguo em 1975 (em cima, J.P. Sottomayor ) e a 31 de Março de 1977 (no topo, Luís Miguel Vendeirinho ).

Ainda relacionado com os edifícios existentes no complexo mineiro, Amaro Carvalho da Silva cita as palavras de Manuel Rodrigues da Silva que refere a existência de umas instalações para a Guarda-fiscal por imposição legal. Estas instalações estavam equipadas com três camas e uma mesa (Jornal Geresão n.º 240, de 20 de Setembro de 2012, página 3). Estas instalações poderão ser os edifícios isolados existentes à direita da entrada principal do complexo e junto do caminho que levava ao Salto do Lobo e que se inicia próximo da boca mina principal da concessão mineira.

Texto adaptado de "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês", Rui C. Barbosa - Dezembro de 2013.


Planta geral esquematizada do complexo mineiro dos Carris.
A – edifício para casais; B – casa do guarda; C – garagem e oficina; D – refeitório e cantina; E – dormitório (camaratas); F – bairro; G – armazéns; H – edifício de função desconhecida; I – edifícios de habitação, armazéns e carpintaria; J – enfermaria / posto de socorros; K – armazém; L – armazém (originalmente projectado como secretaria, cantina e recepção do minério); M – casa do pessoal superior da mina, escritório (secção técnica) e cozinha da casa do pessoal superior da mina; N – lavatórios, chuveiros e residência das empregadas; O – central eléctrica e forno; P – serralharia e forja; Q – compressores; R – separadora e cofre dos concentrados finais; S – lavaria velha / flutuação; T – casa do guincho antigo e antigo poço de extracção; U – oficina de martelos, escritório da mina e galeria de entrada para a mina; V – corredor de ligação entre a entrada da mina e a lavaria nova; W – lavaria nova; X – tanque; Y – casa do guarda; Z – represa dos Carris. Fonte: Ana Rita Santos (planta geral esquematizada)

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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