terça-feira, 23 de maio de 2017

Explorando o volfrâmio no subsolo do Salto do Lobo


Com a exploração mineira a ter inicialmente uma maior intensidade à superfície em 1941 e 1942, o filão começa a ser explorado em profundidade durante 1943 na área da concessão do Salto do Lobo. 

Os trabalhos tiveram especial ênfase no seguimento dos afloramentos do filão com os trabalhos de preparação a entrar com galerias que iriam delimitar no futuro os diferentes pisos da mina. Segundo o “Relatório dos Trabalhos Executados até 31 de Dezembro de 1943” elaborado a 2 de Janeiro de 1944, as galerias iniciais (n.º 1 e 2) delimitariam um dos primeiros pisos, enquanto que a galeria n.º 4 iria delimitar o piso à cota dos 1.400 metros. Por outro lado, o poço n.º 1 iria permitir reconhecer o jazigo em profundidade até aos 25 metros, altura em que se procedeu à abertura de duas galerias na direcção do filão para Norte e para Sul, delimitando assim outro piso. Nesta fase, a galeria n.º 1 tinha cerca de 10 metros de comprimento, a galeria n.º 2 tinha 8 metros de comprimentos, a galeria n.º 4 tinha 41 metros de comprimento e o poço n.º 1 uma profundidade de 6,50 metros. Para se proceder ao escoamento de toda a água e para se obter uma ventilação suficiente para os trabalhos que eram servidos pelo poço, procedeu-se à abertura de uma travessa (travessa n.º 1) que cortaria o filão a 20 metros de profundidade. Esta travessa tinha um comprimento de 27 metros em finais de 1943. Neste ano descobriu-se um novo filão a que chamariam ‘O Filão do Paulino’, mais tarde simplesmente ‘Filão Paulino’. Para a exploração deste filão começaram a abrir uma galeria à cota de 1.395 metros, dando origem à galeria n.º 3 que tinha um comprimento de 18 metros a 31 de Dezembro. Na imagem em cima, o esquema que mostra a abertura de uma galeria à cota de 1.395 metros e que daria origem à galeria 3.

Nesta altura, e devido às características do terreno, não existia entivação das galerias nas quais o material era deslocado (tal como no exterior) em vagonetas assentes em linha Decauville. A perfuração era feita utilizando ar comprimido. O poço n.º 1 estava localizado a meio do perfil longitudinal do jazigo, sendo um poço vertical de secção rectangular de 3,20 por 1,80 metros. No poço a entivação era feita por quadros de madeira e era composto por três compartimentos, sendo um de escadas e acessórios e dois de extracção. No interior das galerias encontravam-se escadas posicionadas paralelamente de 3 em 3 metros e com uma inclinação de 70º. No interior existia um sistema de tubagens de ar comprimido para saída de água do poço e dos escapes de gases da bomba de extracção de água no compartimento de baixada. O equipamento exterior era composto por um sarilho de madeira que era armado com um cabo de aço e duas cubas com uma capacidade de 50 litros cada. O equipamento era munido com um sistema de segurança.

Os trabalhos de extracção exteriores concentravam-se na exploração dos aluviões que era feito pelos denominados apanhistas no aluvião da Lama Pequena. Segundo Manuel Lage, “o minério era retirado de buracos a céu aberto e depois de colocado em sacos, estes eram transportados para um local de lavagem que era feito por mulheres que utilizavam gamelas para limpar o minério. Só mais tarde construíram a lavaria que depois passou a separadora.”

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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