sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Trilhos seculares - De Leonte ao Borrageiro numa jornada invernal


Com o dia a começar mais tarde do que normal, pois o corpo pedia um descanso extra, decidi fazer a minha primeira jornada na Serra do Gerês em 2018 com uma caminhada entre a Portela de Leonte e o ponto mais alto do Minho, o Borrageiro.

Os caminhos já eram conhecidos, mas a perspectiva das paisagens de neve, tornam sempre estes lugares como algo de novo perante o nosso olhar. E a nave chegou já acima da Preza, mascarando a paisagem a partir da Chã da Fonte.

Tomando o velho e secular carreiro com a velha calçada serra acima, vai-se ganhando altitude, paisagem e largos horizontes à medida que o Pé de Cabril se afunda atrás de nós. O Gerês vai enchendo os pulmões e flectindo os seus músculos quando o céu se torna enorme em acima de nós. Livramo-nos do vale e ganhamos a imensidão ao passar a Chã do Carvalho. Logo acima, uma paragem já nos oferece o horizonte até Anamão, Serra da Peneda, os altos do Soajo e a largura da Serra Amarela salpicada de neve na Louriça.

A chegada ao Vidoal deixa o olhar percorrer as alturas do Pé de Medela e os detalhes realçados pela neve em Carris de Maceira. Com o céu de tons plumbeos, as vertentes dos Cântaros tornam-se quase fantasmagóricas, bem como os alcantilados de Lavadouros; ao fundo, a ribeira de mesmo nome corre, sonoramente. Para os lados do Borrageiro, a neve já domina a paisagem enquadrada pelo Outeiro Moço. Continuo o carreiro que o ladeará e que me leva à Preza, para o vislumbre do Vale de Teixeira e de um céu que varia do cinza para o rubor da luz do Sol reflectida pelas nuvens.




A partir daqui a neve salpica a paisagem e vai-se tornar mais constante à medida que me aproximo da Chã da Fonte. O caminhar torna-se mais cuidadoso, pois para além da neve, o gelo torna-se traiçoeiro e à espera do menor descuido. Passando a Chã da Fonte, viro para o elegante Arco do Borrageiro, ex-líbris por excelência do Gerez Thermal.

Daqui até ao alto do Borrageiro, a caminhada foi feita por entre paisagens carregadas de neve, nuvens que cobriam e descobriam a paisagem, e envolto num silêncio que só um dia de Inverno nos pode oferecer. Chegado ao alto a paisagem era imensa e a Serra do Gerês cobria-se de neve até aos domínios da Nevosa. 

Continuei em direcção à Lomba de Pau, fazendo um pequeno desvio para ver a Roca Negra e a Rocalva. O silêncio envolvia-me como um manto profundo e a paisagem tornava-se num quadro de tons de cinza com a nuvens a baixarem e a esconderem os píncaros serranos. Era um dia de lobo que se instalava naquelas paragens...

O regresso foi feito passando pela Chã da Gralheira e de novo pela Preza e pelo Vidoal.

Ficam algumas fotografias do dia e o restate pode ser visto aqui.


























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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