sexta-feira, 19 de abril de 2024

O fim dos trabalhos mineiros nos anos 50

 


Depois da loucura do volfrâmio durante o período de exploração mineira que corresponde à Segunda Guerra Mundial, os anos 50 representam uma fase mais lucrativa e de maior investimento nas concessões mineiras no alto da Serra do Gerês. Porém, mesmo esse período iria terminar um dia.

Com as cotações a descerem nos mercados internacionais, as condições de laboração deixam de ser lucrativas o que por sua vez origina a 23 de Julho de 1957 um pedido de suspensão da lavra para os restantes meses do ano, referindo-se como justificação as “…cotações do mercado e o desinteresse dos compradores.” Assim, os trabalhos são suspensos “tendo havido o cuidado de deixar tudo muito bem arrumado, empacotado e registado.” As instalações começam a ser abandonadas, ficando no campo mineiro somente um reduzido número de pessoas que em anos posteriores chegaria a somente um guarda.

Sem perspectivas para a retoma dos trabalhos num futuro imediato, a 8 de Janeiro de 1958, o Director Técnico, Eurico Lopes da Silva, apresenta ao Director Geral de Minas e Serviços Geológicos, a desistência do cargo que ocupava em relação às concessões do Salto do Lobo, Corga das Negras n.º 1, Lamalonga n.º 1 e Castanheiro. Um novo Director Técnico é apresentado a 15 de Janeiro, sendo este o Engenheiro de Minas Luís Aníbal Teixeira Sá Fernandes. O parecer favorável para a sua nomeação é dado a 29 de Janeiro, sendo comunicado ao Ministro da Economia pela Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos a 10 de Fevereiro. A Sociedade das Minas do Gerês é informada a 13 de Fevereiro da necessidade de enviar até 24 de Fevereiro, via vale postal, a quantia de 100$00 para que fosse publicado no Diário do Governo o despacho ministerial de nomeação do novo Director Técnico. A respectiva quantia é enviada a 21 de Fevereiro e assim, o despacho ministerial de 11 de Fevereiro é lavrado a 25 de Fevereiro pela Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos e publicado a 4 de Março:

Despacho Ministerial de 11 de Fevereiro de 1958

Aprova a nomeação do engenheiro de minas Luís Aníbal Teixeira Sá Fernandes para o cargo de director técnico das minas nºs 2.234, de volfrâmio e molibdénio, denominada SALTO DO LOBO; 2.806, de estanho, molibdénio e volfrâmio, denominada CORGA DAS NEGRAS N.º 1 e nºs 2.807 e 3.120, de volfrâmio, denominadas, respectivamente, CASTANHEIRO e LAMALONGA Nº 1, todas situadas na freguesia de Cabril, concelho de Montalegre, distrito de Vila Real, de que é concessionária a Sociedade das Minas do Gerês, Limitada.

A 23 de Abril de 1959 a Sociedade das Minas do Gerez, Lda., realiza um contrato de empréstimo no valor de 1.094.164$90 com o Fundo de Fomento Nacional para suprimir as suas necessidades mais imediatas. Apesar da lavra se encontrar suspensa, a 8 de Setembro, o Director Técnico Luís Sá Fernandes requer junto do Comando Geral da Polícia de Segurança Pública uma autorização para a compra de 3.000 kg de explosivos que seriam empregues nos trabalhos de exploração mineira não só no Salto do Lobo, bem como nas concessões do Castanheiro, Corga das Negras n.º 1 e Lamalonga n.º 1. Os explosivos ficariam armazenados no paiol da mina Salto do Lobo, segundo informação enviada para a Circunscrição Mineira do Norte a 28 de Setembro. Nos anos 50 os trabalhos realizados na Mina do Castanheiro terão sido muito reduzidos. Os relatórios anuais disponíveis para os anos de 1957, 1958, 1959 e 1961, mostram que a empresa não executou trabalhos de exploração naquela concessão. Apesar de se encontrarem com as lavras suspensas, as concessões eram sempre obrigadas ao envio dos dados estatísticos anuais.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCCLI) - A mata de Palheiros e a albufeira

 


A albufeira da Barragem de Vilarinho das Furnas e o verde primaveril da Mata de Palheiros, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Os trabalhos dos Serviços Florestais na Serra do Gerês em 1896-1897

 


Após um período de estagnação nos trabalhos realizados na Serra do Gerês entre 1891 e 1896, o ano económico de 1896-1897 assiste já à execução de vários trabalhos culturais e de construções por parte dos Serviços Florestais, retomando-se assim a actividade dos primeiros anos desta instituição.

Tude de Sousa refere que assim se inaugura "um período mais fecundo pelo sossego e tranquilidade que de alguma maneira se iam conquistando" ("Mata do Gerês - Subsídios para Uma Monografia Florestal", 1926, pág. 82).

(A fotografia mostra a ponte sobre o Rio Forno na Mata de Albergaria em finais do século XIX)

Neste ano económico, nomeadamente em Fevereiro, realizaram-se várias sementeiras em Palheiros e na Galeana, tendo-se plantado 1.422 castanheiros e 800 carvalhos na encosta do Vidoeiro, 1.788 castanheiros na Albergaria, 1.546 castanheiros e 1.296 carvalhos na Galeana, e 77 árvores diversas no caminho da Chã da Pereira.

A 25 de Outubro de 1896 é lavrado um auto de entrega de terreno na Portela do Homem para a construção de um quartel da Guarda Fiscal. A «cerimónia» ocorre na secretaria dos Serviços Florestais, nas Caldas do Gerês, sendo assinado pelo silvicultor António Mendes de Almeida (que ali se encontrava a realizar trabalhos topográficos) e pelo chefe de secção da Guarda Fiscal do Gerês, Albano Augusto Pereira (mais sobre este tema em A Guarda Fiscal instala-se na Portela do Homem)

O terreno havia sido solicitado a 23 de Agosto de 1892 pela Direcção Geral das Alfândegas, tendo na altura pedido 500 metros quadrados para uma casa para o Posto Fiscal. Este pedido havia sido diferido a 9 de Setembro de 1896, com a condição de reverter para a Mata Nacional quando as Alfândegas dele não necessitassem, com as "benfeitorias realizadas e sem direito a qualquer indemnização."

A 17 de Janeiro de 1896, os Serviços Florestais cediam também a Emilio Biel uma porção de terreno (de 45 x 95 metros) com a obrigação de o arborizar, para a regularização das extremas da sua propriedade na Galeana. 

Apesar de as relações entre os Serviços Florestais e as populações locais se irem acalmando, por vezes surgiam pretensões que poderiam criar conflitos desnecessários. Foi o que aconteceu a 11 de Novembro, quando o silvicultor chefe do 2.º grupo, Mário Viana, enviou à Direcção Geral de Agricultura um requerimento, datado de 6 de Agosto, em que uma comissão pedia gratuitamente, para a edificação de uma igreja, os terrenos denominados do Capitão Mor, que o Estado então comprara por 800$00 em Junho de 1890, para ali edificar uma casa destinada ao Secretariado dos Serviços Florestais no Gerês.

O requerimento era assinado pelo P.de António Joaquim da Rocha, António Joaquim Martins Ribeiro, Francisco Gomes Marques, Joaquim José da Silva Araújo, Joaquim Anselmo Pires, Francisco Estevão d'Almeida Maia, Manoel Barroso, Vicente Paulino da Silveira (por D. Maria Nascimento Salgado) e pelo cónego José Joaquim de Sena Freitas.

Na entrega do requerimento, o silvicultor informou que o requerimento deveria ser indeferido, pois o terreno tinha sido comprado para um fim já determinado e o que urgia era dar-lhe a devida aplicação e "não qualquer outra de alheia cobiça."

Assim, o requerimento seria indeferido, mas isto não impediu que posteriormente a pretensão fosse renovada, sendo apresentado um novo requerimento para o mesmo fim em Fevereiro de 1898. Desta vez, o requerimento era assinado por Vicente Paulino da Silveira, Clemente Pinto Guedes, Manoel Barroso, António Joaquim Eiras e João Baptista de Aguiar Machado. Tal como em 1896, o requerimento seria indeferido.

De facto, outros terrenos haviam sido indicados à comissão, mas somente aquele a religiosidade pretendia, no que não apresentava mau gosto, pois seria aí que seria edificado o edifício da repartição florestal.

Ainda em Janeiro de 1896, Clemente José Silvério Pinto Guedes, requeria que lhe fosse cedida uma parte do terreno de 140 metros de comprimento e 26 metros de largura, confrontando de Nascente e Sul com um terreno seu e com a estrada distrital n.º 11 e a Norte e Poente com o antigo caminho do Gerês. O pedido acabaria por não ter seguimento, pois o referido terreno servia de consolidação à estrada, por estar a servir de talude.

Bibiografia: "Mata do Gerês - Subsídios Para Uma Monografia Florestal" (Tude Martins de Sousa, 1926)

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MXXXL) - Corneda e as Fragas da Corneda

 


A Corneda e as Fragas da Corneda com a sua roupagem de Primavera na Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 17 de abril de 2024

A Pedra Bela em princípios do século XX

 


A paisagem que hoje nós conhecemos da Pedra Bela, na Serra do Gerês, é uma paisagem muito diferente da que poderia ser vista em princípios do século XX.

A fotografia em cima, mostra o «planalto» da Pedra Bela ainda antes da construção da casa florestal e antes do início da reflorestação efetuada nos anos seguintes, pelos Serviços Florestais.

O topónimo "Pedra Bela" poderá ser uma derivação de "Pedra de Velar", local a partir do qual os pastores do Vilar da Veiga velavam os seus animais no Vale do Rio Gerês e enquanto estes se iam deslocando para as pastagens de altitude.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCCXLIX) - Corga do Fento

 


A Corga do Fento, escondida na solidão e silêncio da Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 16 de abril de 2024

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCCXLVIII) - O Penedo da Saudade

 


O Penedo da Saudade faz parte da paisagem física das Minas dos Carris, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Um outro olhar (CCXIII)

 


O Duarte Fortes Lima visitou as Minas dos Carris a 13 de Abril de 2024 e teve a amabilidade de me ceder estas fotografias.

Se visitar as Minas dos Carris, envie as suas fotografias para assim se constituir uma base cronológica das ruínas nos píncaros serranos do Gerês.





Fotografias © Duarte Fortes Lima (Todos os direitos reservados)

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Programa das XXII Jornadas Galego-portuguesas de Pitões das Júnias

 


Este é o programa das XXII Jornadas Galego-portuguesas de Pitões das Júnias. Outras informações sobre este evento, aqui.

Sábado 11

1.º painel (manhã; apresenta Maria Dovigo)

9:30 Abertura oficial das jornadas.

10:00 Carlos Carneiro: “Galaicos e Lusitanos: Afinidades culturais e linguísticas no âmbito da celticidade”

10:45 Dulcineia Pinto: “Ritos de consagração e reconsagração num povoado da Idade do Ferro do Norte de Portugal”

11:30 Debate.

13:30 Almoço e convívio.

2.º painel (tarde; apresenta Xoán Paredes)

16:00 Sánti Bernárdez: “Celtismo e panceltismo na Galiza, em Portugal e na Europa. Passado e presente”

16:45 Samuel Pimenta: “Mitologia na literatura: uma perspetiva”

17:30 Debate.

3.º painel (tarde; apresenta Maria Dovigo)

18:15 Apresentação do livro "Oceanoe". Apresentam Irene Veiga e Noe Vázquez.

18:45: Paulo Marinho [palestra musicada]: “Galegos em Lisboa. A sua música e dança através dos tempos”

20:30 Jantar e convívio.

Domingo 12

10:30 Visita ao Centro Interpretativo do Lobo Ibérico. Com Lúcia Jorge e Xoán Paredes.

13:00 Jantar e convívio. Encerramento das Jornadas

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCCXLVII) - Lagarto-de-água

 


Um Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) fotografado por entre as ruínas das Minas dos Carris, Serra do Gerês.

Segundo o portal Portugal Selvagem, "o lagarto-de-água é uma espécie monotípica, o que significa que não inclui subespécies, mas é composta por duas unidades evolutivas (A e B) muito divergentes, cuja separação terá ocorrido há cerca de 2,75 milhões de anos. O grupo A compreende toda a população portuguesa e do Norte de Espanha, enquanto o grupo B distribui-se pelo Sistema Central Espanhol e pelos isolados populacionais do Sul de Espanha."

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (15 a 22 de Abril)

 


Esta será uma semana com temperaturas de Primavera nas Minas dos Carris, mas com tendência para baixarem um pouco no final da semana.

O blogue Carris termina aqui a publicação das Previsões Meteorológicas para a época de Inverno 2023/2024. No entanto, caso surja algum evento meteorológico de destaque, voltar-se-á a publicar esta informação.

domingo, 14 de abril de 2024

Um outro olhar (CCXII)

 


O Gil Magalhães visitou as Minas dos Carris a 13 de Abril de 2024 e teve a amabilidade de me ceder estas fotografias.

Se visitar as Minas dos Carris, envie as suas fotografias para assim se constituir uma base cronológica das ruínas nos píncaros serranos do Gerês.







Fotografias © Gil Magalhães (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCCXLVI) - O Rio Homem e o Modorno

 


O Rio Homem e o eterno guardião do vale, o Cabeço do Modorno, na Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sábado, 13 de abril de 2024

Paisagens da Peneda-Gerês (MCCCXLV) - Roca Sendeia e a Fonte Friia

 


Por entre a magia da paisagem de fundo de Pitões das Júnias, a passagem pela Roca Sendeia (esquerda) e Fonte Fria.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 12 de abril de 2024

XVII Carrilheiras de Barroso

 


No fim de semana de 18 e 19 de Maio de 2024, irá ter lugar mais uma edição das Carrilheiras de Barroso.

No primeiro dia, a proposta é percorrer o "Trilho dos Miradouros - Outeiro e Parada". O último dia a sugestão é conhecer o "Trilho dos Moinhos - Tourém".

Mais pormenores serão anunciados oportunamente.